“Aqueles para Quem Trabalhamos são as Pessoas”: Discurso de Sua Excelência Ernest Bai Koroma

O antigo presidente da Serra Leoa baseia-se na transformação da segurança do seu país no pós-guerra como um modelo para reformar os sectores da segurança de África de modo a torná-los mais centrados no cidadão.


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Sua Excelência o Dr. Ernest Bai Koroma, antigo presidente da Serra Leoa, proferiu o discurso principal no Seminário de Líderes Emergentes do Sector da Segurança organizado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África. O seminário reuniu um grupo de mais de 40 líderes em ascensão do sector da segurança, civis e militares, de todo o continente africano, com o “objetivo de dotar a jovem geração de líderes do nosso continente de competências analíticas e das ferramentas necessárias para tomar decisões sensatas e baseadas em provas”.

O Presidente Koroma abordou as ameaças atuais e emergentes à segurança em África, incluindo o extremismo violento, as guerras civis, os conflitos entre agricultores e pastores, o crime organizado transnacional e as pandemias sanitárias. Salientou que estas ameaças são exacerbadas por fatores como a má governança, a corrupção e a marginalização. O Presidente Koroma manifestou a sua preocupação com a militarização e a desproporcionalidadedas respostas a estas ameaças e com a diminuição do espaço democrático em África, que limita a contribuição dos cidadãos na definição das decisões de governança e de liderança.

O Presidente Koroma sublinhou a importância da reforma do sector da segurança, do profissionalismo militar e da gestão dos recursos de segurança, relacionando estas componentes com a boa governança democrática e a preservação de sociedades pacíficas.

“O Presidente Koroma sublinhou a necessidade de os países em situação de pós-conflito definirem a sua abordagem à segurança nacional e reconstruirem a confiança no sector da segurança.”

Refletindo sobre a sua própria experiência na Serra Leoa pós-guerra civil, o Presidente Koroma sublinhou a necessidade de os países em situação de pós-conflito definirem a sua abordagem à segurança nacional e reconstruirem a confiança no sector da segurança. Contou que acompanhou a transição da Serra Leoa de um sector da segurança tradicional centrado no Estado para uma abordagem mais centrada nas pessoas. A sua administração centrou-se na reestruturação e no reforço das capacidades e da responsabilização das instituições de segurança, abordando simultaneamente fatores como a justiça e as dificuldades económicas que contribuíam para as ameaças à segurança. A mudança para um sector da segurança de segunda geração eficaz envolveu uma maior inclusão, colaboração e envolvimento da sociedade civil nos esforços de segurança da comunidade.

Apesar de difíceis, as reformas deram frutos. O Presidente Koroma observou que, quando “deixou o cargo em 2018 [depois de cumprir dois mandatos], a Serra Leoa foi classificada como o terceiro país mais pacífico de África pelo Índice Global da Paz”.

Depois de ter recebido forças de manutenção da paz durante a sua devastadora guerra civil, a Serra Leoa foi “capaz de enviar forças de manutenção da paz para a Somália e para o Sudão, sob a égide das Nações Unidas”.

O Presidente Koroma exortou os jovens profissionais de segurança a serem agentes de mudança positiva nos seus respetivos países, lembrando-lhes que “aqueles para quem trabalham são as pessoas, e são os seus direitos e bem-estar que devem proteger”.


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