Uma análise de Junho a Junho dos episódios violentos envolvendo grupos de militantes islâmicos em África, ao longo da última década, destaca o crescimento e mudança da ameaça que estes grupos representam. As principais conclusões incluem:
- Um aumento súbito de 31 por cento no número de eventos violentos que envolvem grupos militantes islâmicos em África, nos 12 meses que terminaram em 30 de Junho de 2020, o que representa um recorde de atividade violenta levada a cabo por estes grupos. Com 4161 eventos violentos, este período marca a primeira vez em que o total excedeu os 4000 casos, correspondendo a um aumento de seis vezes relativamente a 2011 (693).
- O aumento da atividade de grupos de militantes islâmicos em África pode ser atribuído à intensificação da atividade extremista violenta em quatro dos cinco teatros principais: Somália, a Bacia do Lago Chade, o Sahel ocidental e Moçambique. O Norte de África é o único teatro onde se tem verificado um declínio, continuando a tendência iniciada em 2015.
- O Sahel tem assistido à mais dramática escalada de violência desde meados de 2017. Desde então, os acontecimentos associados aos grupos que formaram a coligação de Jama’at Nusrat al Islam wal Muslimin (JNIM) e o Estado Islâmico no Grande Saara (ISGS) cresceram, em conjunto, quase sete vezes (de 147 para 999 eventos durante os 12 meses que terminaram em 30 de Junho de 2020). A maioria dos ataques violentos no Sahel em 2020 ocorreram no Burquina Faso (516 versus 361 no Mali e 118 no Níger).
- A Bacia do Lago Chade assistiu quase ao dobro da atividade desde Junho de 2017 (de 506 eventos para 964). Enfrentando uma ameaça relativamente nova, Moçambique assistiu a um aumento de quase sete vezes (de 39 eventos em 2018 para 306 durante os 12 meses anteriores a 30 de Junho de 2020).
- O registo de vítimas mortais associadas aos grupos de militantes islâmicos em África cresceu 26 por cento (12 507 versus 9944 vítimas mortais no ano anterior). Isto põe termo a 3 anos de uma relativa estabilidade no número total de vítimas mortais associadas aos grupos de militantes islâmicos em África. Grande parte deste aumento é atribuído à violência no Sahel (4404 versus 1538 vítimas mortais no ano anterior). Moçambique, entretanto, assistiu ao maior aumento percentual de vítimas mortais reportadas ao longo do último ano (219 por cento).
- Considerado ainda como o grupo militante islâmico mais ativo em África, o al Shabaab esteve associado a 17 por cento menos de vítimas mortais ao longo do último ano, mantendo uma tendência decrescente de 2 anos.
- As linhas de tendência revelam também um aumento da violência contra civis. Os ataques dos grupos de militantes islâmicos contra civis aumentaram 47 por cento desde 2019. A violência contra civis representa agora 31 por cento da atividade dos grupos de militantes islâmicos em África comparado com 17 por cento em 2017.
- Os grupos de militantes islâmicos em Moçambique estão associados à maior parte dos ataques contra civis no último ano (78 por cento), seguidos pela Bacia do Lago Chade e pelo Sahel (42 por cento e 36 por cento, respetivamente).
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