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Mahamadou Savadogo é um antigo auditor do CEEA e perito em segurança especializado em extremismo violento, radicalização no Sahel e criminalidade transnacional. Trabalhou com o Centro de Estudos e Investigação sobre o Terrorismo (CAERT) da União Africana, onde desenvolveu um manual de formação para a prevenção do extremismo violento em África. É atualmente Diretor-Geral da GRANADA Consulting e representou anteriormente o Burkina Faso no grupo Navanti. Também prestou consultoria ao Banco Mundial sobre avaliações de riscos de segurança e leciona no Centro de Formação Bioforce Afrique em Dakar, no Senegal. Falámos com ele à margem de uma mesa redonda sobre o papel do policiamento colaborativo na luta contra o extremismo violento, realizada em Nouakchott, na Mauritânia.
Como é que o modelo, a missão e a visão da CEEA contribuem para a promoção da paz e da segurança?
Mahamadou Savadogo (MS): Em primeiro lugar, gostaria de dizer que é excelente que o CEEA esteja interessado nas dinâmicas da segurança em África e na procura de soluções de paz para estabilizar todos os países do continente. A adoção de uma visão holística e global permite-nos não só coordenar as diferentes abordagens nas regiões de África, mas também propor soluções adaptadas às caraterísticas específicas de cada região. Para mim, esta abordagem global é extremamente benéfica, uma vez que preenche frequentemente as lacunas observadas nos nossos Estados e regiões. Tomemos o exemplo do extremismo violento, um assunto que temos estado a debater nos últimos três dias: para combater esta ameaça, é necessária uma visão regional. Uma abordagem puramente nacional não será suficiente. A abordagem da CEEA é, portanto, ideal e está perfeitamente alinhada com os atuais desafios à segurança e à paz em África.
Que conselhos daria aos futuros responsáveis pela segurança?
MS: Aconselho-os a adotarem a mesma visão da CEEA, ou seja, uma visão holística e regional para resolver os problemas de segurança, que se tornam cada vez mais transnacionais. O envolvimento das comunidades locais é também crucial, uma vez que estas desempenham agora um papel central para atingirmos os nossos objetivos. Por último, é essencial reformar e estruturar o sector da segurança de modo a que a boa governança seja a sua força motriz, a fim de enfrentar mais eficazmente as novas ameaças.
O que espera da CEEA e será que correspondemos às suas expectativas?
MS: O que espero do CEEA é que continue a funcionar como um elo de ligação entre os peritos africanos que trabalham em diferentes dinâmicas, e penso que o faz muito bem. O que poderia melhorar ainda mais este aspeto é manter esta ligação e criar uma estrutura capaz de refletir, mesmo numa base ad hoc, sobre os problemas que podem surgir em certas regiões de África.
Durante o evento de hoje, esta mesa redonda, fez novos contactos e espera mantê-los?
Sim, fiz novos contactos e tenciono mantê-los e até alargá-los. Isto dá-nos uma perspetiva muito mais ampla e ajuda-nos a preencher as lacunas na nossa compreensão de certas dinâmicas. Por isso é muito importante, e os Estados e as organizações internacionais devem adotar a mesma abordagem para que, em conjunto, possamos ultrapassar estas diferentes ameaças.
O CEEA ajudou-o a aperfeiçoar as suas competências e conhecimentos?
MS: Sem dúvida. A confrontação com outros especialistas permitiu-me não só preencher as minhas lacunas e melhorar os meus conhecimentos, mas também aperfeiçoar a minha compreensão das dinâmicas complexas que regem outras regiões do continente africano. Os intercâmbios com estes especialistas enriqueceram a minha perspetiva sobre as questões e os desafios encontrados noutros locais, ao mesmo tempo que proporcionaram uma visão valiosa das melhores práticas e das abordagens inovadoras aplicadas em vários contextos.
Tive também a oportunidade de partilhar a nossa experiência no Sahel, uma região que enfrenta desafios únicos em termos de segurança, desenvolvimento e resiliência. Esta experiência, com as lições aprendidas e as adaptações específicas, pode oferecer informações valiosas a outras regiões, como os países costeiros ou a África Oriental, que enfrentam situações semelhantes ou diferentes. A possibilidade de contribuir para um intercâmbio de conhecimentos e perspetivas é uma experiência extremamente gratificante para mim. Por isso, tenho muita vontade de repetir este tipo de encontro o mais frequentemente possível para continuar a aprender e a partilhar.